Há 50 anos, a partir de 1974, o mundo iria mudar significativamente para milhões de pessoas, de tantas maneiras diferentes, e com tanta imprevisibilidade que acabou por marcar gerações. Desde os que participaram e viveram contemporaneamente o 25 de abril, ás gerações que posteriormente acabaram impercetivelmente, por ter as suas vidas condicionadas pelos acontecimentos. Em todos os povos envolvidos e futuras nações, em muitos virar de página difíceis, com muitas perdas e ganhos, encontros e desencontros, nestas cinco décadas de transformações profundas. Até parece que por vezes que foi um 25 de abril do mundo, dada a coincidência de tantas alterações nestes 50 anos, feita a partir deste pequeno mundo de uma só língua distribuída por todos os continentes. Desse tempo ao de hoje, nas artes e principalmente na música e canções, ficaram memórias, descobertas, invenções, como em tudo o resto, que definem o que somos e como somos. Venho à minha maneira, entrelaçar, propor e lembrar várias referências, das cinco décadas destes cinquenta anos e algumas que as antecederam, versando sobre a vida, a música, a humanidade. Neste conjunto não presto a habitual vassalagem ao universo anglo-saxónico, uma verdadeira catástrofe nacional ainda não filtrada por abril. Cartoons, excertos de BD de criadores nacionais e fotos e publicações diversas acompanham e enquadram aleatóriamente estes 50 anos e também os meteóricos anos 60. A minha voz não é canto, é sussurro, muito por causa do vizinho de baixo que me informa com sucessivas pancadas no seu teto, amiúde, que estou a resvalar para algo evitável: o chamamento da PSP para por cobro à situação. Às companheiras e companheiros de viagem fica o agradecimento por terem dado voz a algumas destas versões ao longo dos anos, algumas, escolhas suas. Não estão todos porque não tenho registos de "estúdio", antigos ou recentes.
docs: (clicar nas imagens e videos)
cristina sampaio /rui cardoso martins
e depois do adeus 1 e depois do adeus 2
Queda do Império
aquele inverno
Tomei como ponto de partida para esta viagem uma publicação do princípio deste século da SPA para os sócios, intitulada "100 canções portuguesas". As canções cifradas para guitarra e com a partitura da melodia são dessa publicação, são gráficamente fácilmente identificáveis. "E depois do adeus" é o exemplo.
balada do estudante voz e guitarra nylon - josé baião
lenda d'el rei d. sebastião
Como criança grande, facto de que não abdico, continuo a brincar com os teclados, guitarras, percussões, cordas vocais e outros artefatos, na construção destas "evoluções" de 50 canções com diferentes significados e motivos para estarem neste conjunto. A maioria são escolhas minhas e algumas dos intervenientes vocais. Considero uma canção uma espécie de organismo vivo, sujeito na sua essencia a transformações e adaptações, em função do "clima" e temperamento de quem a vive, ouve, lê, interpreta e recria dando lugar a uma evolução. Como na biologia os organismos adquirem novas identidades e formas no processo evolutivo. Uma canção alimenta-se de memórias e de desencontros com o tempo, que empurradas por alguém com novos recursos e impulsos lhe poderá conferir outra essência.
trova do vento que passa / manuel alegre - adriano correia de oliveira
maio maduro maio
feira da ladra /sérgio godinho
mulher da erva 1
ribeira /jáfumega
só ouve o brado da terra
o primeiro dia / sérgio godinho
traz outro amigo também
planície 1
planície 2
vampiros 1
Uma canção é uma melodia, que se sobrepõe a uma camada harmónica que estão sujeitas a uma pulsão rítmica. Estes três elementos ou três variáveis, trazendo um pouco de matemática para a questão, permitem uma enorme variedade de perturbações ao ponto de partida, que é o que vulgarmente se chama de "original". Na música popular e na indústria associada, o original é a "matriz" que fica gravada num disco de alumínio, possuído por uma editora que depois a comercializa. Analógicamente é a morte desse organismo vivo. É enterrada no vinil ou na fita magnética ou numa digitalização qualquer.
todo o tempo do mundo/carlos tê - rui veloso
canção do mar / voz: ana varanda
balada da fiandeira
a gente não lê / voz: maria joão torres
Mas ressuscita, quando chega ao público que se retorce, emociona, fascina-se, pula, verte lágrimas, inspira-se para outra vida, para a utopia. Para outros é pretexto e matéria para criação ou recriação, pelo encantamento e descoberta de si, que ela provoca, e que passa a precisar de metamorfose e transformação, em novas pulsões, novas camadas harmónicas, novas entradas e saídas melódicas, novos sentidos. Ao contrário da biologia ela não morre, torna-se célula benigna dando origem a novos seres nas várias e possíveis mitoses.
A canção é uma arma talvez, mas não de rajada nem branca. É de resposta e solução para quotidianos imprevisíveis e ansiosos, temporária mas sempre renovável como a energia da natureza.
Eu vim de longe 1 / josé mário branco / voz: ana varanda
eu vim de longe 2
Oh gente da minha terra 1 / voz: rita vilas boas oh gente da minha terra 2 /amália rodrigues - tiago machado
cavalo à solta /ary dos santos-fernando tordo chico fininho / carlos tê-rui veloso
desfolhada 1 /ary dos santos - nuno nazareth fernandes desfolhada 2
filhos da nação - quinta do bill não sou o único / zé pedro-xutos e pontapés balada da rita
pedra filosofal 1 pedra filosofal 2
cantigas de maio
lusitana paixão /fred micaelo, zé da ponte - zé da ponte, jorge quintela
manhã submersa/xutos e pontapés voz: maria joão torres feiticeira
Canção de engate lisboa menina e moça / vozes: rita vilas boas, ruben almeida
nasce selvagem / delfins
rua do carmo / uhf
solta-se o beijo / ala dos namorados - joão gil voz: rita vilas boas
velhos no jardim / carlos tê-rui veloso / voz: antero da costa
o pastor 1 o pastor 2
canção de embalar 1 canção de embalar 2
chamar a música/voz: maria joão torres
os loucos de lisboa 1 e 2
qual é a tua ó meu?
que o amor não me engana
flor sem tempo
vida de marinheiro
capitão romance / voz: maria joão torres
sempre que o amor me quiser
OUTRAS AO VIVO, AO LONGO DOS ANOS E DESDE QUE HÁ VIDEOS...
MARCHA INGÉNUA - VITORINO / PARAFERNÁLIA PAIXÃO - CARLOS TÊ- RUI VELOSO / A TRIO
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BALADA DO SINO -JOSÉ AFONSO / RUMORES - O QUE FAZ FALTA /ATÉ À RAÍZ
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MEU AMIGO - ARY DOS SANTOS - J.BAIÃO / GAS E CONVIDADOS SOMETHING - GEORGE HARRISON /TEATRO SOM DAS LETRAS
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vejam bem - josé afonso / rumores - fábrica da cultura
isabel lobinho
E TAMBÉM A BRINCAR COM ALGUMAS ANGLOSAXÓNICAS DE REFERÊNCIA... ou: se fossem minhas seriam assim...
a voz feminina é da João e em 2 o piano do David!!